sábado, 8 de outubro de 2011

Caçador de moscas (estado)

Tudo de novo.

Inverteram-se todos os papeis,
tornei-me um caçador de moscas
uma caricatura dos meus objectivos...
Fiz milhas e milhas para mergulhar no mar de azul e dourado
e fi-lo com toda a convicção de que tinha pé,
de que não me afogaria depois de tanto treinar.
Mas não foi essa a minha morte
Um fundo tão mínimo e tão cheio de rochas
cortou-me a cara, o corpo e a mente com dentadas ambíguas...
Regressei de peito feito e gritei
"O MAR É A MINHA CAMA E A ROCHA AFIADA É A MINHA ALMOFADA"

não podia estar mais errado

a maré vazou. os peixes morreram. E eu não fiquei para a ver subir.

Já nada é igual, a rota da seda
aparentemente tão bela tornou-se uma viagem fácil,
desinteressante, e mal escolhida.
Nunca deixara de percorrer um caminho por razões tão frívolas
Mas a maldição da triquetra é inegável
Pai
Sábio
Caçador de moscas.

Cumpridas as premissas,
dediquei-me à reinvenção
depois de perdido na carne pintada e no metal tantas luas antes
sofri da mesma doença, profanei o templo
e transformei-o num bar alternativo
onde moscas vêm pedir bebidas ao lobo.
O lobo range os dentes e olha-as com desprezo
vira a cabeça
aguça os sentidos
farta-se e ouve como que pela primeira vez o som dos pássaros fúnebres

Corvos, por todo o lado corvos.
No entanto o instinto do meu lobo não é o de caçador
não lhes quero cravar os meus dentes venenosos
pois este é mais do que um lobo, é também um corvo em espírito e assim desespera

Farta-se
Farta-se terrivelmente

Enfurece-se com si mesmo, com o mundo, com o seu estado e uiva: "QUE SE FODA A POESIA, HOJE CAÇO SEM MATAR" Crescem-me as asas negras e tudo se transforma em raiva, em frustração de dois anos de inutilidade, de crescimento mal direccionado, de confiança cega nas probabilidades da eventualidade da possibilidade de tudo ser como dantes. É MENTIRA! É como apanhar uma borboleta com um canhão! E o lobo-corvo que sou não tem medo de mudança, não tem medo de se adaptar, o seu único medo é falhar para sempre... pelo menos assim era

Hoje sou um corvo por completo (por agora),
a minha metamorfose foi auxiliada como sempre
por um ser que captou o meu olhar imediatamente
Um corvo vermelho, de qualidades que se tornam um padrão anual
no meu ciclo de desgosto
Mas como animal que sou deixo-me levar pelo instinto
olho e penso que não há nada mais importante do que sobrepor o vermelho e o negro,
do que partir em voo e cantar tudo sobre a minha vida e ouvir um canto igualmente forte por um ser que seria certo.
Mas em tão poucas batidas de asa já tenho todas as reservas
Este corvo é tão efémero, dentro de 12 luas estará tão longe e eu estarei tão perto de cair na pele do lobo novamente.
Um lobo que agora vejo como inútil,
mas que em breve abraçarei como irmão pois este ciclo já teve lugar.
No entanto o corvo é belo
e apesar de mal chamar por mim sinto-me compelido a avançar e a mostrar-lhe tudo o que sou.
O Mundo diz-me que estou certo nessa procura, mas o mundo nada sabe e EU sei que vou cair.
A pergunta é: caio já, ou espero pela gravidade?

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