quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Luz

Tudo começou com um cheiro.
Doce... Perigoso...
O odor percorreu os meus sentidos
e avancei às cegas pela névoa.
Sem medo.
Sem mentiras.
Há muito que sonhava com aquele mar vermelho de correntes suspensas.

O seu sabor deixou-me ébrio
e senti a luz a ficar forte.
Mais forte que eu.
Mais forte que tu.
Tão forte que me perdi
na carne pintada e no metal.

Como foi fácil confundir-me...
Como foi fácil convencer-me
a comer a carne proibida.
A trocar o lobo pelo cão.
Agora a luz já não me cega,
o cheiro já não me atiça.
Num oval perfeito esqueci a raiva...
Esqueci a coroa e esqueci a espada.
Descanso agora sem vontade,
Espero o negro que não me evade.

The Egg

In the egg there is no light.
There is no space for more than one.
But this one is different,
this one has two.
And these two never rest...
One fights for what is right.
One fights for what is his.
And their black feathers dance
in that tiny dark abyss.

They know it feels wrong.
They know they're not the enemy.
But the egg is hatching soon,
and when the black becomes the white
A single Crow will take it's flight.

O Som

Fui perseguido pelo som.
Durante meses e meses,
nada mais do que o ritmo.
Lento e inseguro.
Enérgico e glorioso.
O som das garras na calçada
bateu à porta da minha mente...
Vezes e vezes e vezes...

Agora que nos sentamos sem ódio
pergunto-me se não teria sido mais fácil
abrir a porta de uma vez por todas,
conhecer o dono daquele som dantesco
que tantas noites me robou em vão.
Agora não tenho medo das suas garras
pois este lobo tem pele de homem
e a porta da minha mente
não era mais do que um espelho perverso.

Nasceu assim o vício!
Como amo agora aquele som...
Tanto que já não chega
para satisfazer os meus ouvidos.
Garras, botas, passos.
Sons que me fazem falta...
Não me canso de os amar.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Sentimento de Derrota

Perdi pela primeira vez.
Deixei escorrer pelas mãos
a seiva que me alimentava,
Não foi por amizade
Não foi por cobardia
foi por misericórdia para comigo.

Sempre escalei as montanhas que avistei,
mas desta vez morri no sopé.
Estou cansado deste carpe diem que não me satisfaz
mas mais do que isso dói demasiado.
Está na hora de passar o testemunho.
Está na hora de partir o bolo sem apagar as velas.

E vê-las assim arder com a minha sanidade...

O sufoco é colossal, mas há de passar.
Hei de engordar destas mentiras que me alimentam
crescendo assim para além do que me pedem.
Fiz a minha cama, mas agora não tenho sono
e quem a ocupa está demasiado bem descansado.
Pensar que voei tão alto para agora me esquecer das asas.
Não faz mal...
Alguém voará em meu lugar.
Espero apenas ter forças para estar calado,
é MINHA a culpa da chaga que me alcança!
Morre hoje a pulga na balança.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Água

Nunca parto inteiramente
Vivo de duas vontades:
Uma que vai na corrente,
A outra presa à nascente
Fica para ter saudades

(Manuel Cruz)

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Poemas do Lobo e do Corvo

Crow

Growing,
like wardrums the rain sends forth it's echo
I can hear it behind the walls that shield me
Powered by the razor-sharp wind, it makes me feel so psycho
But my image in the window's glass is not what I wanted to see
I'm sick of the wolf who walks alone
It stalks me wherever I go
Accompanied by the storms that should chill my bones
But instead,I find my image grinning like it's some show
...Blast the colours that brought me Here!
I was happy somewhere else, or so I thought.
In my grim mood I find no fear
Whatever comes cannot be bought
By simple-minded selfishness.


Lições de Vida

Está feito.
Troquei o mau pelo pior
e o merecido pelo imposto.
Mas pelo menos a cor mantive...
Terei feito bem?
Não sinto entusiasmo nos meus pares
Mas também não o esperava
O que esperava então?...
Troquei o chão pelo céu
mas aqui não há menos negro...
E a lua já não me guia como dantes.
Silêncio...
Menos do que queria
muito muito menos...
Podia e não quero
mas devia.
Para quê?
Saudades?
O que tive e perdi não posso substituir
e esquecer não me convém.
Uma tempestade aproxima-se...
Mas desta vez vejo-a claramente.
Velha amiga o que já dançámos...
Desta vez a dança será outra!
Mantive o negro! Mas quando penas e trovões se unirem!...
...verás que aprendi o que sempre me tentaste ensinar
Lições de vida.


Burden

What happened?!
I was so much better than this!
I had it all and now I'm empty...
... I'm stronger now but no-one cares
and I can't write anymore...
I won't let it out...
Can't you see me?!
You lost! What do you want from me?
Confrontation does no good
and saying it outloud just makes you look crazy...
Is there anyone who understands?
Probably, but I hope not
what a burden to carry on.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Porque é que a dança da chuva funcionava sempre?
Porque eles não paravam de dançar até chover.

Se for assim com o estudo parece que tenho de dançar um pouco mais... a chuva é pouca e não sacia a sede.
Isto foi o meu exame de Direito Constitucional:

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Introduções

Bem, vou apresentar-me muito muito rapidamente apesar de achar que ninguem que não me conheça algum dia aqui venha parar. Chamo-me Alexandre Gonçalves de Sousa, moro ao pé de Torres Vedras. Gosto de desenhar e de tirar fotografias, tenho um cão e um canário, nao tenho irmãos nem irmãs. Toco baixo e guitarra, e às vezes junto-me com uma banda e damos uns concertos. É inverno e está frio, mas já cheira a carnaval e isso é que interessa. E pronto, o resto é conversa