segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Crónicas do Polvo e da Toupeira

As seguintes crónicas não estão por ordem cronológica, visto terem lugar no mesmo espaço temporal. Não as juntei no mesmo texto por tratarem assuntos completamente distintos e não-relacionados.


Polvo

Conheci um Polvo,
o segunda da minha vida
e no entanto tudo neste era novo
um pouco estranho talvez
não o ser mais estético das redondezas
mas uma força das profundezas
isso sim.

Um Polvo anfíbio
adepto das melhores companhias
um ser deveras ambíguo
meu camarada em folias
e rios de cevada correram
sem grande toque ou sinal
iguaria oriental que me pareceu
tão diferente ou igual
que não mais me importei
nem de si suspeitei
que o interesse fosse tal
que a bem ou a mal
ficámos por aqui.

Foi uma estrada curta
demasiado simples para me cansar
demasiada esperança para me importar
que esta luta não fosse luta
e mais umas turras a brincar.

Parece simples eu sei
um poema leve em comparação
mas faz bem
o negro não é lei
e o branco hoje tem-me na mão.


Toupeira

Esta sim complicada
Nem o final das frases nem a estrutura da história
vão manter um estilo fixo.
Há muito a dizer sobre este bicho estranho que me levou às origens longínquas.
4 ou 5 anos talvez passaram desde que encontro um ser assim,
tão fechado,
tão inseguro,
tão sozinho.
Já não estou habituado a pessoas fracas,
dependentes,
esses eram os caminhos da minha adolescência.
Agora só me interesso por seres grandiosos,
gatos, corvos, deuses sociais.
Nada que se compare a isto...
esta toupeira tão miserável mas tão bela,
tão chamativa que apenas pede que eu a agarre e levante voo para o meu horizonte favorito.

Mas não é assim tão facil claro,
esta criatura esconde-se a toda a hora
e raramente me procura
aprecio os sons que trocamos mas através da terra.
ela fala-me do subsolo, eu escuto e respondo mas nunca a vejo de perto.
Ela chama-se timidez e coisas que tais, mas há aqui outros problemas
grandes traumas ancestrais que a levam a atitudes tais.

O progresso é lento, se é que isto é progresso,
esta Toupeira é gentil de mais, frágil em demasia,
duvido que lhe possa tocar ao de leve sem que a enterre,
rumo ao centro da Terra, para nunca mais voltar.



Se curiosidade permanece relativamente ao gato marinho e às suas aventuras, sabei que esse escolheu um novo caminho que lhe traz conforto e companhia, e que agora nos vemos com raridade igual a mil. Mas não há qualquer problema, a minha alma está tranquila, e como podem ver as aventuras decorrem sem pensamentos regressistas.
Nas minhas costas apenas pó. À minha frente o Universo.

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