segunda-feira, 2 de julho de 2012

O Início do Fim

Afasto-me neste momento do pêlo e da pena, escrevo com a caneta para dizer algo que pertence apenas ao mundo do mensageiro.

Após a visualização da arte por parte de S.S. o meu cavalo caiu e eu tive uma visão do futuro, do derradeiro objectivo, do sonho partilhado entre os dois que são um. Vi que o sonho estava morto, que mesmo que fosse humanamente possível não serviria senão de memória de uma tentativa falhada, afinal, qual é o sentido da vida?

Para mim sempre foi a eternidade... o derradeiro destino era viver para sempre, metaforicamente e literalmente. Fazer algo tão grande e tão notável que o universo não pudesse esquecer esse feito... isso seria possível. Tantos outros o fizeram tantos anos atrás e desde que há memória escrita que pertencem à lore do mundo. A parte literal da minha demanda é mais complicada, a preservação do corpo em gelo para que um dia a tecnologia possa ressuscitar os mortos e devolvê-los à sua juventude... A criogenia existe e acredito piamente que o dia tudo isto será possível. No entanto ao observar a arte referida apercebi-me de duas coisas.

A primeira é que a raça humana não vai existir para sempre, isso é certo. A Terra deixará de ser habitável muito antes da nossa habilidade de colonizar outros mundos habitáveis. Estou certo deste facto devido aos ciclos inevitáveis o nosso planeta. A idade do gelo vai chegar, e nós, tão desesperados pelo nosso desenvolvimento individual, não vamos estar prontos.

A segunda é que mesmo que a Terra fosse habitável por um pouco mais, o seu espaço não é infinito, a população mundial cresce todos os anos apesar de ser fustigada permanentemente pelos quatro cavaleiros. Quem é que quereria levantar os mortos quando há já demasiados vivos? Quem é que quereria roubar a comida dos seus filhos para a dar à boca a alguém que já viveu demasiado? Cada era tem os seus artistas brilhantes, trazer os antigos nada trará ao Mundo.

Por isso a pergunta que faço é, mesmo que me pudessem ressuscitar no futuro, porque é que o fariam?

Isso traz-me uma nova pergunta, se a vida eterna não é possível, ela não pode ser o derradeiro objectivo, nesse caso, qual é o derradeiro objectivo? Fazer o máximo possível com aquilo que tenho e rezar pela imortalidade metafórica?

Parece-me pouco...

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